Como em qualquer atividade de lazer que alguém pratique, o início da formação de um guarda-redes de futebol começa pela tentativa de obter prazer e consequente bem-estar pessoal e social. É esse prazer que possibilitará a continuidade da criança ou do jovem na prática da modalidade e que irá fazer com que a aprendizagem se desenvolva mais rápida e eficazmente. "Quando as crianças jogam, devem divertir-se e encantar-se com o jogo. Se o jovem jogador não se identificar com o jogo proposto pelo treinador, a capacidade criativa dele ficará adormecida e não florescerá. Quanto mais a criança desfrutar do jogo e da bola, tanto maior poderá ser a a contribuição criativa no jogo" (Wein, 2005).
Desta forma, torna-se possível afirmar que um princípio para a formação de um guarda-redes será um contexto onde a criança tenha prazer e onde pratique com bastante frequência. A formação inicial do guarda-redes terá de contemplar ambientes de incerteza e que permitam o seu desenvolvimento individual a partir do jogo, sendo a sua base comum aos restantes jogadores. Para Sainza de Baranda (2005), inicialmente, o treino do jovem guarda-redes deverá ser composto por situações que permitam que este realize as três fases do comportamento motor: a perceção, a tomada de decisão e a execução. Visto que durante o jogo, o guarda-redes tem a necessidade e função de analisar cada situação de acordo com diversas referências, como o seu posicionamento, o posicionamento dos colegas e adversários, a trajetória da bola e o espaço, antes de eleger a ação técnico-tática mais adequada, deve ser feita em treino, uma recreação deste contexto incerto e variável que possibilite ao guarda-redes percecionar, tomar a decisão e executar cada ação.
Vigil (2008) apresenta uma proposta de formação de guarda-redes bastante detalhada, sendo ela dividida em quatro fases. Em cada fase são descritos os conteúdos de treino adequadas ao desenvolvimento do jovem nos quatro domínios da performance.
De várias propostas de etapas de formação de guarda-redes, reconheço que seja esta a mais completa e detalhada que estratifica uma ideia contínua para o desenvolvimento dos conteúdos específicos, nomeadamente os conteúdos físicos e técnicos. No que respeita aos conteúdos táticos e psicológicos, apresentam-se um pouco generalistas e superficiais, não estando descritos tão pormenorizadamente como os conteúdos anteriores.
Para a maioria dos autores, existe uma clara tendência para que os aspetos técnicos sejam mais importantes nas idades mais baixas, para que os aspetos fisicos e psicológicos apareçam com mais importância gradualmente e para que os aspetos táticos acabem por ganhar maior preponderância no treino.
Torna-se assim necessária uma identificação de princípios simples para uma identificação objetiva dos guarda-redes jovens e a orientação da progressão sustentada de formação, um processo complexo e contínuo. Para Sainz de Baranda (2003), o processo de formação de um guarda-redes não é um trabalho de pouco tempo, pelo contrário, é uma sucessão de tarefas diárias, não improvisadas, na procura de objetivos concretos e específicos.
E ter sempre em mente que:
"Ser guarda-redes é um dos trabalhos mais solitários que existe. Todas as grandes defesas da história juntas não conseguem compensar um simples erro num momento vital" (Albert Camus)
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