A eficácia e o rendimento desportivo estão muitas vezes ligados à capacidade e qualidade dos seus principais intervenientes, jogadores e treinadores. Contudo, a ciência e a estatística podem, em muitos casos, ajudar certa equipa, jogador ou treinador a compreender melhor o jogo e modificar alguns comportamentos de forma conjunta ou individual, de forma a atingir resultados mais produtivos e eficazes!
O caso das grandes penalidades e da intervenção dos guardas-redes nessa situação é sempre um tema muito estudado, e que por vezes, nos dá a conhecer resultados bastante curiosos e interessantes, como estes que vos apresento a seguir...
Um grupo de investigadores da University College de Londres decidiu analisar desde 1976 até 2012, 37 desampates por grandes penalidades das fases finais de Mundiais e Europeus de Futebol e conclui que, nestas ocasiões, os guarda-redes aumentam a probabilidade de defesa se permanecerem no centro da baliza, pois o comportamento dos guarda-redes tende a obedecer à chamada "falácia do apostador", ou seja, após uma sequência de remates para o mesmo lado, os guarda-redes têm uma propensão para se atirarem para o lado contrário. Os especialistas também designam este comportamento por "falácia cognitiva" que leva a uma tomada de decisão errada através de uma perceção empírica sem fundamento.
Num outro estudo, realizado em 2014 pelo professor Ofer Azar, da Faculdade de Gestão da Universidade Ben-Gurion (Israel), foi possível concluir que os guarda-redes têm mais hipóteses de defender um penálti se não se lançarem para o lado esquerdo ou direito, permanecendo no centro da baliza.
No estudo de Ofer Azar, foram analisadas 286 grandes penalidades marcadas nas principais ligas europeias e campeonatos internacionais. Os remates foram classificados em três grandes grupos (para a esquerda do guarda-redes, para a direita do guarda-redes e para o centro da baliza), bem como as ações dos guarda-redes (imóvel no centro da baliza, queda para esquerda e queda para a direita).
Os resultados foram surpreendentes e mostraram que os guarda-redes terão 33.3% de hipóteses de defender o penálti se permanecerem no centro da baliza. As percentagens descem bastante no caso de queda para a esquerda (14.2%) ou de queda para a direita (12.6%).
Apesar disso, apenas uma minoria insignificante (6.3%) dos guarda-redes avaliados optou por ficar no centro da baliza, algo que se explica por existir uma clara predisposição para a ação. Isso implica que um golo marcado num penálti provocará no guarda-redes uma reação mais dolorosa se ele optar por ficar no centro da baliza, em vez de se atirar para um dos lados.
Concordam com a ciência ou acreditam que o guarda-redes têm mais probabilidades de defender um penálti se se lançar para um dos lados?
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